Mantra
Mantra é uma
antiga ciência védica criada e desenvolvida na Índia a milhares de anos
e é uma das formas mais eficientes, poderosas e simples de meditar e atingir o
desenvolvimento da mente, da consciência, da espiritualidade, existem muitas
formas de meditação, mantra é uma delas e vamos compreender o básico desse
instrumento de meditação.
Mantra deriva de dois termos
sânscritos, Manas e traya , mente e proteção, aquilo que
protege a mente. O ser humano, a entidade viva humana é composto por alma ou
espirito, mente e corpo. Atman, manas, e sharira, o corpo ou os corpos físico,
eterico, astral, e mental e acima disso nossa parte espiritual de atman, budhi
e manas, espirito, consciência e mente. Essa constituição é representada pelo
Sol que é nossa conexão e fonte do espirito, a lua que nos simboliza a mente
consciente e inconsciente, e a terra que representa o corpo físico, energético
( etérico ) e astral.
Os mantras são um meio para despertar a kundaliní ( energia psicoespiritual ) e ampliar a consciência, melhorar a frequência vibratória e proteger a mente da negatividade.
Os mantras são um meio para despertar a kundaliní ( energia psicoespiritual ) e ampliar a consciência, melhorar a frequência vibratória e proteger a mente da negatividade.
2. Por que meditar
com mantras ?
Como vimos, o mantra
protege a mente.
Existem muitos,
inúmeros tipos de meditação, podemos meditar simplesmente saindo da mente e
buscando o vazio interior no coração.
Podemos meditar no
Braman, Deus através da sua forma ou idéia.
Podemos meditar nos
chackras, na natureza, usando a concentração profunda.
E dezenas, centenas
de outros métodos todos eles válidos, eficazes e ensinados em muitas tradições
no oriente.
Porém
na nossa era, definida pelos textos védicos como Kali Yuga, era da escuridão
vivemos num processo onde não temos tempo, lugar adequado, e mente concentrada
o bastante para longas praticas e temos a mente e os sentidos agitados pelas
distrações, preocupações e estress da vida faz com que práticas de meditação
que exigem grande concentração, disciplina e tempo sejam inviáveis, as vezes
impossíveis.
1.
Sair
direto da mente e entrar no espaço vazio da mente, do espirito é muitas vezes
bastante difícil pra mente condicionada que temos, geralmente isso se torna uma
luta da mente contra ela mesma como um cão brigando com seu rabo, tornando a
meditação extenuante.
2.
O
Mantra foi criado para proteger a mente de si mesma nesse sentido, pois
desconecta a mente de seus padrões repetitivos ( samskaras ) e do foco da mente
nos desejos ( vasanas ) e permite que a vibração sonora do mantra vibre gerando
um novo padrão de pensamento ( vritti ) que pode conduzir a mente ao estado de
concentração ( ekagatra ) e concentração profunda ( dharana ) e finalmente ao
estado de único pensamento ( dhyana ) o que levará ao estágio ultimo da
meditação segundo o Yoga, o êxtase ( samadhí )
O Mantra
Um mantra é composto por um
conjunto de fonemas, letras que formam um som que atua na mente e cria uma
vibração, um vórtice, um campo vibratório que atua em todas as outras dimensões
citadas acima, protegendo e dirigindo a energia da mente para um propósito que
está contido no mantra. As escrituras antigas dizem que o mundo manifesto se
origina da palavra ( vac ) da divindade, dos Devas ou de Deus, o verbo, e do
imanifesto tudo se torna manifesto através do som, que é vibração.
Em nossa representação isso está
representado pela descida da energia pelo Om, no ultimo chackra da cabeça,
sahashara até a base da coluna, no mooladhara chackra, essa descida da energia
representa a descida de Brahman, Visnhu e Shiva até o plano físico no
mooladhara, com Ganesha, que é o Senhor das multidões de energias distintas no
mundo dos sentidos. Esses sons que descem pelo nosso corpo representando a
manifestação de nosso corpo e também do mundo acontece com a manifestação ou
descida ( savitri ) das letras sonoras pelos sete chackras Sahashara no topo da
cabeça, Ajnã na testa, Vishuddhi na garganta, Anahata no coração, Manipura no
umbigo, Swadhistana nos genitais e Mooladhara na base da coluna.
Ganesha representa todas a base
dessas energias e a sabedoria que as concentrou e organizou através dos cinco
elementos materiais.
A energia desce até a base e
depois através do desejo, e da energia ( shaktí ) sobe do mooladhara e se
expressa através do pensamento em Ajnã ( mente ) e por fim é expresso na fala e
na expressão em Vishuddi ( garganta ). Isso é chamado de manifestação do som de
para-vac ( voz interior ) para Vaikhari , som audível.
Essas letras formam o alfabeto
sânscrito e são chamadas de Akshara ,
os mantras são coleções dessas letras que ativam a shaktí ( energia ) interna
de nosso interior para subir através dos chackras e da coluna na forma da
Kundaliní e do Mooladhara chackra até o sahashara ( alma ) , Ajnã ( mente ) e
voz ( Vishuddi ) para expressar nossa intenção, nosso desejo,nossa vontade e
atuar na criação, usando nosso poder criador e de nossa consciência pois o
mundo é moldado pela consciência conjunta de todos os seres, como dizem os
físicos quânticos, sem seres conscientes para ver e interagir com o mundo, não
haveria mundo.
As letras são :
अ आ इ ई उ ऊ ऋ ॠ ऌ ॡ ए ऐ ओ औ अं अः
a ā i ī u ū ṛ ṝ ḷ ḹ e ai o au aṁ aḥ
a ā i ī u ū ṛ ṝ ḷ ḹ e ai o au aṁ aḥ
क ख ग घ ङ । च छ ज झ ञ । ट ठ ड ढ ण
ka kha ga gha ṅa | ca cha ja jha ña | ṭa ṭha ḍa ḍha ṇa
ka kha ga gha ṅa | ca cha ja jha ña | ṭa ṭha ḍa ḍha ṇa
त थ द ध न । प फ ब भ म । य र ल व
ta tha da dha na | pa pha ba bha ma | ya ra la va
ta tha da dha na | pa pha ba bha ma | ya ra la va
श ष स । ह क्ष
śa ṣa sa | ha kṣa
śa ṣa sa | ha kṣa
Quando se adiciona o Anusvara (
M ) se nasaliza o mantra e dá a força da vibração primordial do Om, ficando
assim :
अ आ इ ई उ ऊ ऋ ॠ ऌ ॡ ए ऐ ओ औ अं अः
am ām im īm um ūm ṛm ṝm ḷm mḹ em aim om aum aṁ aḥ
am ām im īm um ūm ṛm ṝm ḷm mḹ em aim om aum aṁ aḥ
E assim sucessivamente.
Origem.
O mantra é uma ciência védica,
os Vedas são livros sagrados que foram levados para a India a milhares de anos
atrás e foi compilado por sábios videntes chamados Rishis ( os videntes ) ,
esses sons foram ouvidos ( sruti ) e lembrados ( srimit ) e depois ensinados
para as pessoas para obter a manifestação de suas melhores intenções e desejos,
seus propósitos.
Existem quatro vedas, Rig Veda,
Yajur Veda, Sama Veda e Atharva Veda, cada veda se dividiu em mais quatro
partes :
brahmanas : rituais para vários
propósitos da vida, são os mantras do sacrifício ( Yajnã ) e através desses
ritos e de sua pratica austera ( tapas ) se gera o calor interno que é
representado pelo fogo ( Agni ) externo do ritual ( Yajnã ).
Esses mantras são para ajudar
no estágio de vida de casado ( grihastra ) que é representado pelo fogo, a
aquisição de riquezas, prosperidade e felicidade material e humana.
Samhitas : são os mantras com
os procedimentos rituais onde e com os quais os mantras são realizados
eficientemente.
Aranyakas : são os mantras para
se praticar na floresta, isso representa o estágio onde se vai renunciando e se
retirando da vida material.
Upanishad : significa aos pés
do mestre, do guru. São a conclusão dos Vedas, assim eles foram a filosofia dos
vedas ou Vedanta. Os mantras dos Upanishads são as falas ( vakyas ) que ensinam
sobre o caminho da libertação do ser humano, Moksha.
Assim, os mantras védicos falam
sobre os quatro propósitos da vida que são :
Artha ( riqueza ), diz respeito
a prosperidade no geral, na cultura védica se entendia como terra e ouro más
hoje podemos ampliar para a realização de todos nosso propósitos profissionais
e materiais, inclusive ouro e terras ( rs ).
Dharma : ( virtude ) Dharma é
uma palavra complexa que se refere a religião, virtude, retidão, a forma
correta de viver.
Kama : ( prazer ) se refere ao
gozo dos sentidos e todos os prazeres da vida que são parte inerente da vida
humana na visão védica.
Moksha : ( liberação ) é a
libertação do Atman, do Ser, do eu divino da prisão da matéria, chamado de
Nirvana pelos budistas os Vedas compreendem que apesar dos outros objetivos
serem parte inerente da vida a meta final do ser humano é voltar para o Brahmam
( A Fonte ) , Deus, ou o nirvana, os planos espirituais e sair do cativeiro
material dessa dimensão da fisicalidade.
Assim, os Rishís através dos
vedas compilaram os mantras e os transmitiram a milênios atrás e existem
milhares de mantras que são divididos em seis angas ou partes :
Seis partes de um mantra
Um mantra tem os seguintes seis partes:
1.Rishi , o vidente que revelou o mantra,
que tinha auto-realização, pela primeira vez através deste mantra, e atingiu o
propósito através desse mantra ( Siddhi ), o Rishí é o que deu este mantra para
o mundo. Ele é o vidente para este mantra. Sábio Vishwamitra, por
exemplo, é o rishi para o mantra Gayatri.
2. Chanda, o tempo, a métrica e rima para o mantra, O mantra tem um medidor, que rege a inflexão da voz.
3. Devata, a deidade, divindade associada ao mantra. Toda mantra tem uma forma divina que é a manifestação pessoal do Brahman nos planos espirituais e ajuda, abençoa e é invocado no mantra. O mantra tem um devata particular ou ser sobrenatural, maior ou menor, conforme o seu poder de informar. Este devata é a deidade do mantra.
4. Bija. O mantra tem um bija ou semente. A semente é uma palavra significativa, ou série de palavras, o que dá um poder especial ao mantra.O bija é a essência do mantra. Os Bijas conferem mais poder ou força ao mantra ou associam ele a várias shaktis, energias espirituais, Hrim por exemplo é o bija da Deusa , Maya, ou Devi. Om é o bija do brahman, a semente de todos os mantras e pra onde todos os mantras retornam. ( A Fonte )
5.Shaktí. Cada mantra tem um shakti. A shakti é a energia da forma do mantra, isto é, de forma que a vibração criada pelos seus sons. Estes levar o indivíduo à devata que é adorado. A Shaktí de um mantra é o poder inerente guardado dentro do mantra, que é formado pelo campo vibracional original do mantra, não podemos acessar de uma vez essa energia acumulada por séculos depois de repetição milenar. Acessamos essa Shaktí quando conseguimos acessar através da repetição que gera o calor interno ( tapas ) que é exigido pelo mantra, isso se consegue através de pratica constante ( Sadhana )
6. O mantra tem um kilaka pilar, ou pino. Este se conecta a chaitanya mantra, a consciência, que está escondido no mantra. Logo que o pino é removido pela repetição constante e prolongada do nome, o chaitanya que está escondida é revelada. O devoto recebe darshan do devata ishta, a consciência do devata se comunica com o praticante (sadhaka ) e o favorece com seu propósito.
O
propósito de um uma pessoa através do mantra é chamado de Sankalpa, ou
resolução.
Yantra
Yantra significa em sanskrito instrumento, máquina, ferramenta ou veiculo, é a expressão geométrica do mantra, baseado em geométria sagrada o yantra potencializa o mantra e carrega em sua geometria os aspectos das energias envolvidas no mantra, seu uso junto ao mantra tem um efeito de potencializar, firmar, aumentar a shaktí ou energia espiritual do mantra, cada mantra tem seu Yantra e devata, embora eles sejam parecidos possuem cada um uma forma e método de uso meditativo que é ensinado nos textos chamados Tantras.
A lei da Manifestação
:
Muitos
de nós já sabemos do segredo de que o pensamento, a intenção e a emoção criam.
Nós
criamos nossa realidade através de nossos pensamentos, intenções e desejos, o
problema é que não nos lembramos disso com firmeza e nos perdemos na ignorância
de nosso poder ( Avidya ) que é gerada pelas forças da dualidade ( Asura, sem
luz, não-luz).
O
pensamento por sí só cria, más geralmente perdemos nosso poder pessoal ( Ojas
shakti ) com nossos pensamentos, sentimentos e ações negativos e ficamos sem
energia e poder para preservar nossos propósitos mais elevados.
O
Mantra é a ferramenta que os sábios deram para preservar e proteger nossa
mente, nossos propósitos e resolução ( Sankalpa ) , ele surge do poder do Eu
Sou ( Atman ) e desce e sobe através de nossa Kundalini ( shaktí ) expressando
nossa determinação em criar nosso destino.
Mantras védicos :
Os
mantras foram revelados nos vedas, e posteriormente na literatura védica, eles
foram revelados nos Puranas, a parte shmirit dos vedas e também em vários
textos, nos Gitas ( canções ), no Ramayana, Mahabharatha e outros textos,
shastras.
Os
mantras védicos são muito exigentes, e eram cantados diante do fogo num ritual
de sacrífico ( Yajnã ), alguns muito exigentes na métrica e na execução e nos
rituais, e com isso muitos mantras ocultaram seu poder, ou foram contaminados e
diminuíram seus efeitos com os abusos da Kali Yuga ( era da escuridão ), a era
que estamos desde a morte do Senhor Krishna, 5.000 anos atrás, alguns desses
mantras eram muito poderosos e podiam destruir uma pessoa que os executasse sem
o devido conhecimento, muitos foram então protegidos com pinos ( kilakas ) ou
ocultados ou simplesmente perderam efeito, e devido a isso os Rishís ensinaram
novos mantras divididos em duas categorias nas escrituras :
Mantras Puranicos ou Bhaktas :
São
os mantras devocionais, protegidos e sem possibilidade de os erros e falhas de
quem executa e exigem apenas sadhana, tapas e bhakti ( devoção ) através da
repetição ( japa ), esses mantras nos aproximam das deidades e geralmente
buscam Moksha ( liberação ) e Prema ( Amor puro ).
Mantras Tântricos :
São
mantras derivados dos vedas que foram revelados pelos Rishís através de
shastras chamados Tantras, esses mantras são relacionados a Shaktí suprema ,
Devi, a forma feminina da Deusa, o aspecto feminino da Fonte e são adequados e
adaptados para a nossa era de Kali ( era da escuridão ) e por isso as
exigências dele são diferentes, as qualificações são outras e não tem riscos de
falha se corretamente pronunciados, recebidos e praticados sob a guia de um
guru, mestre qualificado para transmitir esse mantra, são mantra poderosos no
sentido de que sua shaktí ou poder inerente é potencializada por mantras bija (
semente ) e pelo guna, qualidade dos devatas a eles relacionados, bem como os
ritos que os acompanham.
Na
nossa Era, a era da escuridão devido ao dharma ( virtude ) ter diminuído
bastante e prevalência da ignorância ( Avidya ), os mantras védicos podem ser
na maioria infrutíferos para essa era segundo a grande maioria dos gurus. Isso
faz com que os mantras bhaktas e tântricos sejam mais apropriados, cada um em
seu função, para os praticamente desse nossa era de Kali.
Cantar,
repetir os nomes divinos provocaria o fluxo da mente na direção da divindade
purificando a mente e as emoções e gerando bhakti ( devoção, amor ) pela
divindade, o que é pratica mais recomendada hoje pelos gurus e shastras hindus,
pois é uma pratica fácil, que não exige muito tapas ( austeridades ) nem
grandes Yajnãs ( sacrifícios ) ou recursos materiais.
Repetição de qualquer
mantra ou nome do Senhor é chamado japa, repetição, No Bhagavad Gita, Sri
Krishna, o supremo avatar diz :
Yajnanam japa yajnosmi.
Entre yajnas, eu sou japa yajna.
(Canto 10:25)
Japa é de três tipos:
manásico, mentais; upanshu, sussurro, e Vaikhari, audível. Você tem que
começar com a repetição do mantra sonoro no início e depois praticá-la em um
sussurro. Só depois de praticar japa em um sussurro para pelo menos três meses
você vai ser capaz de fazer japa mental. Japa mental é mais
difícil. Um novato com uma mente bruta vai achar que é difícil de fazer
japa mental, mas depois de algum tempo o método aparecerá fácil. Quando
todos desaparecem outros pensamentos, não haverá prazer em japa mental; ou
então a mente estará remoendo objetos sensuais. Japa Mental prepara a
mente para a meditação profunda no Senhor, o japa feito mentalmente é o mais
poderoso e eficaz.
O Om
O Om é chamado pranava, é a origem
de todos os mantras, o mantra védico original que representa o Brahman, ele
contem as três letras A U M que marcam a energia tríplice da criação e
atividade dentro da unidade, o Om representa o Brahman , a Fonte.
O
Brahman é descrito nos Vedas como a origem primordial de tudo, a Fonte total de
toda consciência, ele não é um ser pessoal com forma como o Deus conhecido no
ocidente por que ele é a totalidade de toda consciência manifesta e imanifesta,
e por isso não pode estar restrito a uma forma, local, atributo, sendo assim
Ele é nirguna, sem qualidade materiais que possam defini-lo.
O
Brahman , a Fonte, é chamado de Sat-chit-ananda como suas qualidades, sat é
verdade, existência. Chit é consciência pura, e Ananda pura felicidade, do
Brahman emana o Atman que se diferencia como ser da totalidade e entra na
dualidade do vir a ser, namarupa, nome e forma e se torna o mundo manifesto na
criação do universo, assim , Brahman se torna Saguna, com qualidades e se
diferencia como todos os Devas, dando origem as divindades, como os jivas, ou
entidades vivas conscientes em evolução e também os elementos da natureza
material em vários mundos ( lokas ) e planos de existência ou dimensões de
existência.
O
Om representa o brahman e é cantado como a fonte de todos os outros mantras por
isso, ele é o mantra inicial de todos os ritos védicos e meditações bem como o
encerramento na maioria dos casos, e também é o mantra supremo original nos
vedas.
Trimurti
Do Brahman se diferencia Ishvará, o
Senhor, a energia controladora e criadora que cria os mundos, Saguna Brahman ou
Brahmam com qualidades e atributos, Brahman se divide em três Devas, Deva quer
dizer ser de luz, e então no processo criativo segundo os vedas de Brahman
surgem Brahma, Vishnú e Shiva.
Visnhú
é o aspecto conservador do universo, em sua forma original se chama MahaVishnú,
onde Maha quer dizer grande. Ele é a consciência mantenedora do universo, das
galáxias, se diz que ele repousa no oceano de leite que pode ser compreendido
como o corpo de luz de plasma de nossa galáxia como um ser vivo consciente e
amoroso, que mantem unido todos os mundos , sois e estrelas. Ele está no total
modo de pureza, que é chamado de Guna Satva, Guna é qualidade, Satva, pureza,
luz ou bondade.
Brahmam
e Brahma :
Em
seu yoganidrá, sono criativo Vishnú emana Brahmá, diferente de Brahman, Brahmá
é um aspecto criativo da Fonte, do umbigo de Vishnú, chackra swadhistana surge
um lotús, do qual emerge Brahmá,que medita mil anos e dele emana os outros
Devatas, ou Devas relacionados a criação.
Podemos
compreender isso como a descida da esfera da consciência galáxia para a esfera
do sistema solar e planetas, por que do corpo de Brahma emerge os outros Devas
elementais da criação.
Surya
o deus Sol, Chandra e Soma deuses da lua, Agni deus do Fogo, Vayu deus do Ar,
Indra deus das chuvas e céu, Varuna deus das aguas, e todos os deuses dos planetas
como Shani ( Saturno ) ou Shukla ( Vênus ).
Dando
origem assim também a criação diferenciada de todos os seres, sarvabhutam e
todos os mundos materiais e espirituais com infinitas formas e nomes.
Na
criação, todos os seres são Atman, o eu divino imortal , o Eu Sou, porém devido
ao envolvimento com a criação, Maya, esquecemos através de nossa ignorância (
Avidya ) a nossa unidade com a Fonte ou Brahman e desenvolvemos o ahamkaram, o
sentimento de eu separado, ego e corpo materiais.
Os
Devas como Brahmá, Vishnu, Shiva não passam por esse esquecimento pois são
nirguna e saguna, além dos efeitos materiais mesmo estando neles, e são
Ishvaras, controladores supremos e não seres controlados.
Brahmá
representa o aspecto Rajas, ação, paixão, criatividade no plano material dentro
das qualidades ( gunas )
Os
jivas ( desfrutadores,jiva vem do termo sânscrito para língua ) sim são
condicionados e controlados pelas limitações materiais quando corporificados e
presos a Maya ( ilusão )
Essa
é a interpretação Advaita, não dualista da filosofia Védica, havendo outras
interpretações, más consideramos importantes colocar aqui essa interpretação
para que vocês, conhecendo agora os mantras, possam relaciona-los as
respectivas formas e divindades atribuídas a eles, inicialmente, de forma
básica aqui apresentada.
Shiva/Shaktí
Shiva
Shiva
é Rudra, aquele que grita, é o aspecto transmutador, transformador e destruidor
da manifestação.
Como
Vishnú conserva a criação em seu aspecto galáctico e cósmico, mantendo a ordem,
como brahma manifesta o plano material dos mundos, planetas, Shiva dissolve
todas as qualidades e diferenciações, nomes e formas e os devolve para o plano
divino da dissolução no fim de ciclos cósmicos ( Pralaya ) encerrando o ciclo
da criação.
Shaktí
Shaktí
é a energia criativa feminina da Fonte, Brahman quando se torna Ishvara,
portanto, ela é Ishvarí, a força criativa divina feminina.
Quando
a Fonte, o brahman sem segundo se diferencia em gunas ( qualidades e forma )
também se divide em aspectos femininos que acompanham o arquétipo masculino na
tarefa da criação.
Assim,
a Shaktí, consorte ou esposa ideal de Vishnú é Lakshmí, a Deusa da fortuna e
riquezas.
A
Shaktí de Shiva é Parvati, que é a deusa da casa, da fertilidade, da
maternidade.
E
a Shaktí de Brahma é Saraswatí que é a deusa da sabedoria, da fala, das artes.
Mantras e Avatares.
Quando
o dharma, a virtude, em cada uma das eras se decai e precisa ser mantido Sri
Vishnú se manifesta como uma forma humana
e desce ( Avatar ) para restaurar a ordem, proteger o dharma e ensinar o
dharma as pessoas.
Vishnú
teve dez reencarnações no mundo material em nosso planeta , dez principais e outras
menores, e também é acompanhado por todo um séquito , acompanhantes, Devas em
formas humanas e divinas que fizeram parte do jogo ou lilá na manifestação
dessas divindades no planeta.
Rama
ou Sri Ramachandra ( por ser claro como a lua, Chandra ) foi uma descida de
Vishnú ao planeta na forma de um príncipe junto com a deusa Lakshmí que
manifestou como Sita Devi, Mãe Sita.
Posteriormente,
no final da era da dualidade ( dwapara yuga ) Vishnú se manifestou como
Krishna, Sri Krishna ou Govinda, por ser pastor, ele veio ao mundo através de
Yashoda e foi criado entre pastores de gado por Devaki e se manifestou como um
humano pleno de poderes ( Siddhis ) para se conectar com os humanos e despertar
a consciência divina e manter o dharma vivo, sua morte natural deu inicio a
nossa era de Kalí.
Além
desses Vishnú pode ter inúmeros Avatares, alguns com forma humana, animal,
semi-humana bem como inúmeros associados todos descritos nas escrituras
védicas.
O
mantra de Sri Rama, avatar de Vishnú cuja história é contada no épico Ramayana,
e que lutou contra o demônio Ravana , e libertou a princesa Sita de seu
sequestro é um mantra para reestabelecer o dharma de cada um de nós, a virtude,
a bondade, coragem, e atingir a iluminação e a liberação, é um mantra para
despertar o amor puro por Deus e pelas virtudes do herói interior que Rama
representou na terra, e o amor puro que teve por Sita e todos os seres,
protegendo a bondade.
O
mantra é :
Om Sri Ram Jay Ram Jay Jay Ram
Ou
Om Ram Ramaya Namahá
Krishna Mantra
Krishna
é o purna avatar, a manifestação plena de Vishnú, o aspecto preservador e
luminoso do Brahman, a Fonte, manifesto como ser humano. Seu mantra confere
iluminação, liberação, e também amor puro, bhaktí por Deus. É um mantra que
traz Moksha, a liberação do cativeiro material, assim como também prema bhakti
que vai além de moksha pois é amor incondicional estando livre ou atado da
condição material, Maha quer dizer mantra, esse é um dos grandes mantras para
nossa era de Kalí.
Maha
Mantra :
Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare
Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare
O
maha mantra foi revelado não nos vedas originais, más num Upanishad, e sua
escrita está nessa ordem no texto original. Algumas tradições Vaishnavas que
tem grande proeminência na India preferiram mudar a ordem e cantar da seguinte
forma, como uma variação da primeira :
Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare
Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare
Como
o maha mantra é um importante mantra bhakta, a ordem não tem efeitos colaterais
pois quando o mantra é transmitido por um guru, mesmo sendo cantado no tom
errado, ou de forma incorreta, com bhakti, trás resultados, ao contrário dos
mantras védicos que como comentamos, exigiam uma métrica perfeita.
Outros
mantras pra Krishna :
Om Namo Bhagavathê Vasudevaya ( Um dos muitos nomes de Krishna era Vasudeva)
Om Krim Krishnaya Namah ( presto reverências a Krishna )
O
Maha mantra também faz o nome de Rama nos primeiros versos :
Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare
Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare
Hanumam mantra :
Hanuman
é o deus macaco que ajudou Rama a libertar Sri Lanka do demônio Ravana, ele
personifica o amor puro, coragem, entrega a Deus e devoção incondicional, seu
mantra confere bhakti ( devoção ),fé, força, e proteção contra magia negra,
entidades maléficas e energias enviadas para nos prejudicar :
Om
Ham Hanumataye rudratmakaya hum phat swaha
Ou
Om
namo bhagavathe Anjanejaya Mahabalaya swaha
Shiva Mantra
Shiva
é a perfeição da renúncia e yoga, a perfeição dos poderes que transformam tudo
e reabsorvem o universo de volta a Fonte, Brahman. O mantra de Shiva confere
liberação, paz, renuncia e desapego, assim como transmutação de todos os laços
que nos prendem a negatividade da contaminação material.
O
mantra é :
Om Namah Shivaya.
Esse
pequeno mantra foi revelado no Rudram dos vedas, é o núcleo do Rudram, Shiva
também é chamado Rudra ou Pashupati, tem muitos nomes, esse mantra é cantado
pelos Shaivas ( adoradores de Shiva ) e por muitos yogis a milhares de anos na
Índia e mundo todo.
Triambakam mantra
Om Triambakam yajamahe sungandhi pusti vardanam
urdhva urkamiva bhandanam mrtyo muksha mamritat
Esse
é o mantra de Shiva com três olhos, triambakam, ele quer dizer : “O Senhor de três olhos, assim como a semente
tem de morrer pra se transformar no fruto, me transfere da morte para a
imortalidade.”
Esse
é um mantra para cura, evitar doenças, afastar doenças espirituais ou
inflingidas por feitiços, evitar a morte prematura ou desejada por pessoas
maldosas, foi revelado por Markandeya que tinha a morte prematura decretada aos
12 anos, e como Rishí que era recebeu esse mantra e se livrou da morte vivendo
uma vida muito longa.
Ganesha Mantras
Ganesha
é o filho de Shiva com Parvati, ele é o senhor dos Ganas, e dos Gunas, dos
elementos materiais, Ganesha tem a cabeça de Elefante, quatro braços e segura
um machado e um pratinho de doces mundaka. Ele é a personificação da sabedoria
dos vedas pois sabe todos os vedas de cor, ele é o removedor de obstáculos e
trás a iniciação em todas as atividades.
Seus
mantras são para iniciar qualquer atividade espiritual ou mesmo intelectual e
material, abrir as energias e caminhos do fluir da energia, assim como também
focar a mente de forma positiva. Servem para desobstruir , remover e transmutar
os obstáculos e bloqueios, Ganesha governa o primeiro chackra, mooladhara, a
base das atividades e a residência da Mãe Kundalini.
Os
mantras são :
Om Gam Ganapataye Namah
Om Gam Ganeshaya Namah
Shakti Mantras
Shaktí é a energia suprema criadora
da Fonte, e Shiva a consciência imanifesta que se diferencia como Atman ou
purusha, a consciência individual. A Shaktí se diferencia também nos cinco
elementos materiais e forma a Prakriti, ou natureza, sendo essa a expressão
manifesta na dimensão material da Shaktí, más não diremante a Shaktí, assim
como o Atman ou purusha é o brahman diferenciado pela existência condicionada
numa forma e nome.
Da Shaktí emana tudo e após ela
descer na matéria formando os corpos ela deixa sua energia original dormindo na
matéria para o retorno a Shiva, ela então reside em toda parte, más
individualmente reside no chackra mooladhara do humano na forma enroscada,
kundaliní.
Os
mantras de Shaktí são bhaktas e tântricos, e servem para despertar essa energia
adormecida bem como se aproximar da Deusa Mãe do universo através dessa energia
e do poder do mantra, se conectando com a Deusa para a obtenção dos objetivos
da vida, artha, kama, dharma e moksha, riqueza, prazer, virtude e libertação.
Assim
como o bija mantra original de Brahman é o Om , o mantra original da Shaktí é
Hrim, Hrim é o bija mantra da mahamaya ou da grande manifestação que é o mundo
dos fenômenos e suas varias dimensões, incluindo a natureza, Prakriti.
Mantra da Shaktí
Lakshmí – Lakshmí
é a Deusa da riqueza, da prosperidade, beleza , Lakshmí significa meta ou
propósito e por tanto ela é o ideal da energia feminina e da beleza, sendo
esposa de Vishnú, seu mantra é feito para se conseguir os propósitos pessoais
de artha e kama bem como as metas profissionais, amorosas, seu mantra é :
Om Shrím Lakshmyai Namahá
Saraswatí - A Deusa da sabedoria, artes, conhecimento, a
deusa da mente e das letras sânscritas que formam a realidade da consciência
que manifesta o conhecimento de tudo. Seu mantra é usado para desenvolver o
aprendizado, sabedoria, artes, dança, musica, e para acessar o conhecimento
védico.
Om Sam Sarasvatyai Namahá.
Kalí – Kalí
é a Deusa que remove a escuridão, a ignorância, tamas a energia da inécia, ela
é a Deusa que mata a dualidade e revela nossa verdadeira natureza espiritual,
removendo a ignorância de quem realmente somos e a identificação com o ego.
Om Krim Kalyai Namahá.
Durga – Durgam
quer dizer dificuldades, Durga é aquela que remove as dificuldades e aflições,
aquela que protege e remove os conflitos do corpo, mente e alma nos três
mundos. Seu mantra é :
Om Hrim Shrim Dum Durgaya namahá
Ou
Om Dum Durgaya Namahá
A
Shaktí é o poder divino criador, a Mãe divina, a natureza ( prakriti ) é sua
energia material más a Shaktí é um poder espiritual, diretamente surgida da
Fonte ou Brahman, Ela é um poder inteligente que dorme em toda criação
inclusive em nossa dimensão como Kundaliní, a energia enroscada, Ela desce
quando nos abrimos a essa energia e nos permitimos acessar através da entrega e
de seus mantras, rituais, esses mantras são a base e a essência do Tantra.
A
Shaktí como a presença maternal da Fonte, de Deus é Mãe, ela está além de toda
a materialidade e dualidade do universo porém pode se aproximar de todos.
Como
Mahalakshimí ou Lakshmí ela é harmonia, riqueza, beleza e todos os propósitos
de vida que estejam de acordo com o dharma ( verdade interior ) de cada pessoa,
atraindo a prosperidade.
Como
Mahakalí ela é força, poder, fogo e luz que transmuta toda negatividade e
ilusão que criamos vida após vida em nossa contaminação com o mundo material sensorial
ilusório ( Samsara ). Ela é uma mãe amorosa que protege, e retira as energias
negativas dentro e fora de nõs com energia, o que lhe confere uma imagem
apaixonada, forte, guerreira e destruidora de ilusões.
Como
Mahasaraswatí ou Saraswatí a Mãe divina trabalha dando entendimento, sabedoria,
informação e fazendo um canal de fluxo constante entre a Fonte e a nossa mente
condicionada, acessando como diz o guru Aurobindo, a supermente, ela trás a
organização dos padrões mentais confusos e remove a confusão que a mente dual
cria na medida que vamos acessando sua energia divina amorosa de sabedoria.
No
texto sagrado da literatura hindu, Chandi Purana, parte do Markandeya Purana e
um importante texto para o Tantra, as três Deusas se envolveram em uma batalha
contra as forças da escuridão a pedido dos Deuses, e na batalha se tornaram
Durga, a que remove as dificuldades aflitivas e Chamunda, aquela que destrói a
dualidade.
O
mantra para Durga na forma de Chamunda, que reúne as três formas da Deusa é
muito importante para o Tantra e vamos dar ele como exemplo de um mantra
tântrico aqui, porém é importante salientar, que assim como todos os mantras,
esse,especialmente por ser um mantra tântrico deve ser adequadamente recebido
de um guru tântrico qualificado.
O
Mantra é :
Om Aim Hrim Klim Chumundaya Vicce.
Sendo
que Aim é o bija de mahaSaraswatí.
Klim
é o bija de Mahalakshmí.
Hrím
é o bija mantra de Mahakalí.
Os
bija mantras são muito importantes na pratica tântrica de mantras, pois revelam
a energia das deidades e shaktis envolvidas na meditação.
Esse
mantra de Chamunda é chamado de navarna mantra, mantra de nove letras, e tem
uma série de procedimentos que envolvem sua recitação na forma de japa. Não
vamos revelar esses procedimentos aqui até por que não seria pratico fazer
isso, porém usamos esse mantra como um belo exemplo dos mantras da Deusa.
Assim
você pode conhecer, se identificar com qual mantra sua mente ressoa e procurar
um templo, um guru, para buscar uma iniciação autêntica, não se contente com a
recitação sem iniciação, pois é incompleta, porém você pode experimentar o
prazer de repetir os mantras com o rosários de 108 contas e sentir sua energia
e seus efeitos na mente, e assim pesquisar durante um tempo antes de escolher
qual mantra pode servir a sua natureza, ou pode pedir orientação a qual
poderemos ajudar se necessário.
A prática da meditação com mantras ( Japa )
Como já foi dito, os mantras védicos originais eram
praticados diante do fogo do Yajnã ( sacrifício ), e havia nesses sacrifícios o
consumo de carne, bebidas como o soma e grãos, peixes, e em alguns Yajnãs magia
sexual.
Com
a evolução dos vedas, os renunciantes sanyas renunciavam o fogo e também
começaram a ensinar mantras para os renunciantes, e assim surgiram também
mantras para os ascestas que haviam seguido o caminho da renuncia, os
adoraradores de Shiva, Shaivas passaram a preferir o caminho da austeridade e
renuncia, assim como a maioria dos adoradores de Vishnú que resolviam seguir o
sanyas criando então duas formas de praticar mantras, a Tantrica e a Vedanta.
A
linha vedanta que surge dos upanishads dos vedas, e dos textos posteriores como
Puranas, Samhitas, Gitas e Ramayanas e tem sua base nos ensinamentos dos monjes
sanyasis, renunciantes da tradição hindu são para os praticantes que seguem o
caminho da austeridade, Yoga, renuncia e meditação que surgiram dessa
tendência, principalmente mantra Shaivas ou Shivaistas e Vaishnavas ou ligados
a Vishnu.
Nesse
caminho os gurus indicam uma série de restrições do comportamento como apoio a
prática do japa e indicam essa restrição como exigência, como por exemplo os
Vaishnavas gaudya da bengala pedem que na iniciação do mahamantra Hare Krishna
se siga quatro princípios básicos :
Não
comer carne, peixe ou ovos. – não beber ou se intoxicar – não jogar jogos de
azar e não cometer sexo ilícito.
Podem
parecer restrições simples para um monge ou pessoa que esteja no caminho
meditativo más para muitos praticantes as restrições podem ser um sério
impedimento para dar continuidade a pratica principalmente entre ocidentais,
más é um caminho indicado para quem quer seguir uma vida de renuncia aos
sentidos e a mente sensorial.
Essa
atitude de renuncia e uma iniciação nesse tipo de prática de mantras com essas
restrições alimentares e comportamentais devem ser bem maduras, pensadas, para
não haver frustações posteriores, culpa, depressão, e problemas emocionais
advindos de fazer uma escolha impensada e imatura que vá reprimir e suprimir
sua personalidade, o que é muito comum acontecer com iniciados ocidentais e
também orientais.
A
linha tântrica é baseada na evolução védica do Yajnã, existe um tantra Shaiva,
Shivaista que também segue o caminho sanyas, yogue, e segue a renuncia como
base fundamental, restrigindo os sentidos através do yoga. E existe a pratica
Shakta, voltado aos mantras Tantricos principalmente da Deusa más também todos
os outros mantras de todas deidades védicas que não exige ou pede nenhuma
restrição comportamental ou alimentar por que a origem védica desses mantras
permite essa compreensão e esse modo de praticar.
Nessa
linha tântrica que é a origem do tantra o consumo de carne, bebida, sexo,
alimentos não é considerado um bloqueio ou impedimento para a pratica e na
verdade o tantra é um caminho não repressor, que não reprime nada mais abarca
tudo por que o tantra procura a expansão da mente e a liberação da energia
kundaliní, que é uma energia espiritual que dorme na base de nossa
sensorialdiade, o primeiro chakra, os instintos.
Assim
na iniciação tântrica no mantra nenhuma restrição é exigida, pois se entende
que o mantra é um remédio para a ilusão e não se deve esperar que o discípulo
esteja curado para ministrar o remédio. Então primeiro se dá o remédio, o
mantra e depois quando o praticante for purificando sua mente ele vai poder
renunciar quais vícios, hábitos e praticas negativas ele tenha.
A
única exigência que se faz na iniciação tântrica é ter um guru tântrico que
seja realmente iniciado, por tanto que tenha tido um guru tântrico também e
seja qualificado para dar iniciação.
Iniciação - Deeksha
A iniciação é a transmissão do
mantra que é feita nas tradições hindu, budistas, sejam tântricas ou não. Esse
procedimento tradicional varia muito pra cada tradição, grupo, sampradaya e
guru ou templo, e é feita quando a pessoa escolhe um guru, pede oficialmente a
iniciação, entende o que isso significa e como é esse processo do recebimento
do mantra e está também qualificado para tal.
O
que qualifica uma pessoa para receber um mantra é o entendimento do que está
pedindo, a compreensão do que que é um mantra e do que significado dessa
pratica e estar apta para aceita o mantra, a tradição, sua aptidão pessoal e
demonstração de interesse e boa fé para com o mantra, o guru e a tradição o
qualificam também.
Geralmente
a iniciação ocorre com alguma cerimonia, dada por um guru, e pode acompanhar o
recebimento de um nome, devocional ou iniciatico e o aprendizado de outros
ritos que acompanham o mantra recebido, ou procedimentos que acompanham esse
mantra.
Essa
iniciação pode ser dada diante do fogo numa cerimônia de fogo, ou ritual e um
guru pode transmitir vários mantras ao longo da jornada do discípulo, de acordo
com o real motivo para essa transmissão, após o recebimento, o discípulo pode
dar alguma doação financeira ao guru , o dakshina, de acordo com seus recursos,
o que é um procedimento milenar na tradição da mesma forma que no ocidente
pagamos com tranquilidade por cursos e professores.
O
mal estar gerado pelos problemas que algumas pessoas foram exploradas por gurus
de má índole foi por que essas pessoas se entregaram demais e resolveram fazer
doações demasiadas e se arrependeram,
más se tudo isso for aclarado, debatido, e o guru e o discípulo forem honestos
um com outros essa parte é apenas um procedimento formal, importante, que não
causará nenhum prejuízo seja financeiro ou moral.
A
partir do recebimento do mantra a relação mestre/discípulo se torna uma relação
de aprendizado, confiança e respeito, na tradição o guru é visto como o próprio
Shiva, como o próprio buda se for um mantra budista, e por que? Por que o
mantra é a conexão com a divindade e foi transmitido pelo guru, como em
essência, todos somos parte da divindade o guru é visto como brahmam, como
Vishnú, como Shiva.
Então
não se deve confundir a devoção ao guru com a devoção pessoal, ao ego ou corpo
do guru, isso é feito de um estado de transcendencia desses fatores, más aborda esses fatores pois
tudo é considerado divino nessa pespectiva espiritual.
A deeksha é a transmissão espiritual do mantra, pelo guru, e tambem da shaktí, da energia espiritual que o mantra possui acumulado pelos méritos de milhares de anos e de pessoas praticando, por isso é tão importante, e é realizada por um guru dependendo da tradição que acolhe aquele mantra, do dharma que o sustenta.
Assim, da mesma forma que voce entende que um professor precisa de qualificação para ensinar, deixe os preconceitos de lado, e se for praticar meditação com mantras, procure alguem qualificado.
Esse texto procura elucidar os aspectos mais significativos sobre mantras, procure se aprofundar mais e pode então ter segurança em sua pratica, os mantras tem efeito real na psiquê, é bom fazer com segurança, tranqulidade, firmeza.
Guru
O guru é o mestre espiritual que no
caso das tradições hindus e budistas estão qualificados para transmitir o
mantra, más por que um mantra só pode ser transmitido por um guru e por que
essa exigência, são perguntas pertinentes e sinceras que todos realmente
podemos fazer para entender o processo.
A
primeira coisa que devemos entender para responder essa pergunta é que o mantra
não é um instrumento mental elaborado por acadêmicos para dar determinados
efeitos psicológicos de condicionamento mental ou auto-hipnose como muita gente
acredita. O Mantra é um conjunto de palavras que atuam além do mental a nível
espiritual, energético, psíquico e emocional, e possui uma grande variedade de
efeitos sutis, procedimentos, resultados, métodos, e uma base filosófica e
ritual que o sustenta, sendo que todo esse escopo de coisas que envolvem o
mantra é produto de uma tradição milenar muito grande, com escrituras que as
embasam e dão o suporte filosófico.
Sendo
assim, o guru é o professor, o iniciado e o sacerdote que conhece, praticou o
mantra e obteve seus resultados através de longos períodos de sadhana, essa
experiência acumulada , o estudo, o conhecimento das escrituras e a compreensão
da filosofia através da convivência com os antigos gurus, que transmitiram para
esses gurus o sistema numa corrente continua são as bases da tradição sobre a
transmissão do mantra que se chamam parampara e sampradaya.
Sampradaya
pode-se dizer como a linhagem geral onde os mantras e todas as bases que o
fundamentam citadas acima são cultivadas, o que define a sampradaya é o
conjunto e a linhagem, o conjunto de escrituras, rituais, ritos, e também de
gurus especificamente ligados a origem do mantra, por exemplo um mantra de
Vishnú como Krishna será transmitido dentro da sampradaya Vaishnava certamente,
ligada a alguma linhagem de sanyasis como Saraswatí, Puri, ou outras linhagens
de monges renunciantes , sanyasis.
Parampara
é a transmissão continua de um mantra ou seja, o mantra foi revelado por um
Rishí no passado , que transmitiu a seus discípulos, que transmitiram a seus
discípulos e assim gerou uma corrente continua de transmissão raramente
quebrada, essa sucessão garante que o mantra teve uma pratica continua e
constante e nunca foi quebrada, embora isso possa acontecer em alguns casos de
algum discípulos, outros existem para dar continuidade a esse sistema de
mantra.
No
Tantra a tradição do guru é muito importante, e isso é revelado pelas próprias
escrituras que são chamadas Tantras, no Mahanirvana Tantra por exemplo em seu
capitulo XIII falam da proeficiência que o guru tem nos mantras, yantras e
ritos do Tantra que o qualificam como guru, esse conhecimento acumulado, a
realização dessa sabedoria, a experiência acumulada por gerações e toda a
maturidade culminam então no extasê, na vivência dos estados de Samadhí que são
a meta do extasê e também o sidhi, os poderes internos desenvolvidos em altos
estados de consciência proporcionados pelo mantra.
Muitas
pessoas hoje em dia falam que o guru não é necessário, é uma coisa do passado e
até prejudicial ao desenvolvimento espiritual, que vivemos numa era em que não
é mais necessário um guru. E esse conceito é fruto de duas situações : uma é uma série de experiências ruins que
são narradas com gurus, falsos ou verdadeiros gurus por discípulos ao redor
mundo que tem distorcido a opinião sobre gurus, o relacionamento com eles, seja
por questãos financeiras onde alguns poucos gurus fraudaram seja por pessoas
que enganaram ou manipularam pessoas usando esse titulo de forma verdadeira ou
não, e muitos outros problemas discorridos disso.
Outro
fator é uma crença que esse conhecimento já não precisa ser transmitido mais
por outra pessoa detentora pois está atualmente disponível nos livros, internet
e outros meios e vivemos uma nova era que dispensa os antigos saberes. Muita
gente acha que o guru deve ser um santo, perfeito, totalmente sábio com muitos
poderes místicos e sabedoria infinita. Essa visão, que é baseada nas narrativas
antigas sobre alguns gurus, Rishis, mestres da literatura religiosa do mundo
todo tem um fundo de verdade é claro, más também pode ser muito mal utilizada
por um mentalidade imatura ao não entender que os mestres são humanos, são
pessoas, muito humanos e totalmente passíveis de limitações, ego, e
características humanas que não correspondam a perfeição que eles possam
fantasiar sobre um guru.
Assim como um professor, sensei, de karatê para
transmitir a faixa preta deve ser um faixa preta experiente também, ninguém
nunca aceitaria ser graduado numa arte marcial por um novato. Assim como um
diploma em qualquer saber só pode ser dado por um conjunto de professores
formados diplomados, e um determinado oficio é preferencialmente transmitido
por um mestre de oficio, ninguém deveria estranhar que um mantra só possa ser
dado por um guru, pois é a única pessoa, perfeita ou imperfeita, humana,
qualificada para transmitir um mantra.
Namastê, Jaya Maa
Sri Amrtanandaji R. Nath